sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Exercício, interpretação de Texto

Leia o texto abaixo e responda as perguntas, depois entregue ao seu professor.

Por que tudo no Brasil está tão caro?

Eu não ia comprar, porque carregar patinete é trambolho demais no avião. Seria mais um penduricalho para ser despachado com malas, mas quando vi o preço mudei de ideia. Quinze libras. Pela cotação de hoje, são R$ 39. Um patinete em Brasília, de menina, digamos assim, estava R$ 175. Pela internet, eu tinha encontrado uns por R$ 116. Mas nada em torno de R$40. Eu estava em Londres, a trabalho, cidade listada como uma das mais caras do mundo. E lá estava o sonhado patinete da Hello Kitty diante de mim…
Morei em Londres por duas ocasiões. Penei, financeiramente falando, tanto em 1992, como estudante, como em 1998, trabalhando de correspondente. Não consegui manter o padrão de vida que eu tinha no Brasil.
Mas em março de 2011 tudo parecia diferente. Não satisfeita com o patinete, comprei também umas roupinhas para as crianças, baratíssimas. Daquelas que você lava na máquina e não desbota, entende. Levei também tênis de corrida para meu marido (um terço do preço no Brasil), fora maquiagem para mim. Tudo muito mais barato do que os similares, genéricos ou itens da mesma marca no Brasil.
Em maio do ano passado, Época publicou uma ótima reportagem sobre isso: Por que tudo está tão caro no Brasil. A reportagem pesquisou 16 produtos, no país e no exterior, e mostrou como o preço brasileiro estava quase sempre bem acima da média internacional.
Pois é, patinete não estava na lista, nem tênis de corrida, nem maquiagem, claro, mas para você ver que essa lista é imensa.
Tem algo muito errado quando um short de criança, sem grife ou marca, no Brasil, é vendido por R$ 30 (não dá nem US$20) quando lá fora, em países desenvolvidos e ricos, você compra até três pelo mesmo preço. Muito estranho também você comprar três pares de meia de qualidade, para crianças, por R$ 10, preço de um por aqui.
Os preços no Brasil estão muito altos sim, e há muito tempo.
Ah, sim, queria avisar que Londres continua sendo uma capital muito cara, ok. Metrô, cafezinho, hotéis, entradas de museus, restaurantes, cinema, teatro…tudo “pela hora da morte”.
Para terminar, considerações de uma amiga britânica, que mora em Londres com o marido brasileiro e dois filhos. Eles vêm todo ano ao Brasil para visitar a família e aproveitam para passear e conhecer melhor o país. Ela reclamava do custo de fazer turismo por estas bandas tropicais. Falou do que pagaram por refeições num restaurante nada especial em Santos, litoral paulista. “A gente come melhor na Europa pelo mesmo preço”, disse-me Joanna, em tom de protesto. Contou-me também das férias passadas em Foz do Iguaçu. “Caro demais”, reclamou. “Os ingleses podem ir para o Caribe por muito menos do que para o Brasil. Tem alguma coisa errada. As pessoas esperam gastar menos no Brasil e isso não é verdade. Tem que conhecer muito e ter ótimas dicas para chegar a lugares bons por preços razoáveis”. Joanna tem razão.
Sobre o caso de abertura deste post, não venham me dizer que o patinete da Hello Kitty é produzido na Inglaterra. Feito lá, na China ou onde quer que seja, é um acinte ser ridiculamente mais barato justamente numa das cidades mais caras do mundo.
Por que tudo está tão caro no Brasil?

O publicitário Eduardo Lopes, de 27 anos, trabalhou duro para realizar um de seus sonhos de consumo: comprar um Corolla 2.0, automático, zero-quilômetro, de R$ 75 mil. Há um mês, ele trocou seu Fiat Idea, comprado em 2008, pelo sedã da Toyota, o carro mais vendido no mundo, em uma concessionária de Goiânia, onde mora. Deu de entrada seu Idea, avaliado em R$ 32 mil, e pagou R$ 43 mil à vista. Para comprar um carro que custa 15 vezes sua renda média mensal, de R$ 5 mil, Lopes usou uma poupança de R$ 25 mil, formada durante dois anos à base de economias e alguns trabalhos extras. “Eu poderia partir para um carro popular, que é bem mais barato, mas gosto de conforto e acho que mereço”, diz.
Em comparação com o preço cobrado pelo Corolla em outros países, Lopes pagou uma pequena fortuna. De 13 países pesquisados por ÉPOCA, o Brasil é onde ele custa mais caro (leia o quadro abaixo). Nos Estados Unidos, ele é vendido por R$ 32.800 (US$ 19 mil), menos da metade do preço daqui. Na China, por R$ 37.100. No México, por R$ 37.200. Na Alemanha, por R$ 50.700. O preço médio dos 13 países é de R$ 45.800, 60% do preço nacional. A diferença, de quase R$ 30 mil, poderia ter servido para Lopes fazer uma série de outros gastos – ou poupar mais.
O caso de Lopes e seu Corolla não é isolado. ÉPOCA pesquisou os preços de outros 16 produtos lá fora. Em 12 deles, os preços brasileiros ficaram acima da média internacional. Um litro de gasolina custa em torno de R$ 2,70 aqui, em comparação a uma média no exterior de R$ 2,25 – 17% a menos. Uma geladeira de 320 litros custa cerca de R$ 1.600; lá fora, a média é de R$ 941. Os únicos produtos em que os preços no Brasil são menores que a média internacional são uma caneta Bic tradicional, uma lata de Coca-Cola, um livro e um maço de Marlboro (o cigarro, sobretaxado nos países desenvolvidos por causa dos prejuízos à saúde, custa aqui 30% menos que no exterior).
Isso explica a volúpia com que os turistas brasileiros vão às compras quando viajam para o exterior. Segundo dados da Secretaria de Turismo dos Estados Unidos, os turistas que mais gastaram dinheiro no país em 2009 foram os brasileiros – US$ 4.800 per capita. Ficaram à frente de australianos e japoneses, conhecidos como os maiores gastadores do mundo. De acordo com o empresário gaúcho Henri Chazan, de 40 anos, presidente do Instituto da Liberdade, uma entidade voltada para a defesa da livre-iniciativa e dos direitos individuais, é possível pagar a passagem, de cerca de US$ 1.000 (R$ 1.800) só com a diferença entre os preços nos Estados Unidos e no Brasil. Chazan calcula que quem comprar seis camisas da griffe Tommy Hilfiger, quatro calças de sarja e dois tênis recém-lançados no mercado consegue tirar a passagem praticamente de graça. Lá, segundo ele, as camisas custam R$ 45 (US$ 25) num outlet perto de Miami. Aqui, R$ 150. As calças saem por R$ 55 (US$ 30) lá e por R$ 150 aqui. Os dois tênis custam R$ 300 lá e R$ 1.000 aqui. Some tudo: R$ 1.700 a menos. Chazan diz que recentemente ele e sua mulher compraram um carrinho de bebê Peg-Pérego Pliko P3 em Miami por R$ 410 (US$ 229). No Brasil, ele custa R$ 1.100, quase o triplo. “Como sou pobre, só compro nos Estados Unidos”, brinca. “Não é consumismo. É que lá é mais barato e o produto é melhor.
1. Dê a sua opinião. Por que o Brasil se transformou num dos países mais caros?




2. Se você morasse no Brasil, o que faria para economizar o seu dinheiro?


3. Explique como uma economia que está em pleno crescimento pode sobreviver a preços tão altos no mercado interno?






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